11 de maio de 2012

Trecho

“Eu ansiava versificar você, sem pretensão específica de somente lhe compor alguma rima naturalmente perfeita. Meu real desejo era lhe prender em versos, em palavras bonitas que ditassem o compasso da nossa relação, daquele mesmo amor que arranca o ar dos nossos pulmões, ruborizava sua face quando tocava sua pele. Eu posso ser um tolo por pensar que seria capaz de poetizar você, sem nem ao menos entender a poesia, sem compreender uma métrica ou entender de versos tão assim decassílabos; acreditei estupidamente que era detentor da capacidade de trovar nosso amor, de lançar cantigas de amigo por toda a rua e somente os apaixonados entenderiam. Eu estava errado, meu bom amor. Jamais seria capaz de encontrar caminhos determinados que aprisionem essa andorinha que é seu coração; por isso me desfiz do corpo de homem, dos braços de um lutador, e tornei-me um pássaro para buscar você entre as nuvens, nesse céu imenso, atravessar o tempo e fazer ninho ao seu lado em algum pessegueiro solitário, escondidos daqueles que ainda se prendem a métrica do amor. Sejamos então, minha boa senhora, os desgarrados da paixão.”
Indomável