13 de junho de 2012

“E olhem vocês, que certo dia meu par de olhos casou-se perfeitamente com aquele sorriso, casamento inusitado. Casou-se sem a minha permissão. Oras, quem há de mandar nos meus olhos agora além de mim? Quem pensam que são pra se enrabicharem com sorrisos alheios? Mas que aquele sorriso definitivamente não era um sorriso comum, eu hei de concordar. Quando ela sorria mostrava a curva mais bonita de todo o corpo e meus olhos sabiam disso, por isso se apaixonaram tão depressa. Mas eu ainda fico me perguntando se tal sorriso sabe desse casamento. Acho que meus olhos andam amando em segredo. Casamento puramente imaginário, só existindo por conta dos sentimentos deles. Olhos ingênuos, nem pra pegarem de exemplo o que o dono viveu. Mas coitados, não posso culpar os olhos por estarem apaixonados e que admiração bonita eles têm. Que sentimento bonito eles têm. Acreditem ou não, meus olhos gostam tanto daquele sorriso que o pregaram na parte interna das minhas pálpebras, das duas! Ei, eu sei que isso pode parecer loucura, mas qual outra explicação você me dá pro fato de que sempre que fecho os olhos, vejo aquele sorriso na minha frente? Só podem ter pregado uma foto dele em cada uma das pálpebras. Olhos travessos, fazendo peraltices sem permissão. Mas essa eu deixo, foi peraltice boa. Porque não é só o sorriso que é lindo, ela é linda por inteira e não é linda e simplesmente. É linda e com um algo a mais, pena que não sabe disso.”
Bruno Campos