2 de maio de 2011

:: tecido ::

são desastres estes teus olhos virtuosos
que preenchem essas frestas escusas de mim

são desafios constantes as suas partidas
marcando o meu corpo com suas pegadas leves
tatuagens nuas sobre o cetim

são preces sem sentido
repetidas e indescentes
as suas palavras não ditas no silêncio da minha voz

são seus medos esses soluços
que de tantas lágrimas já calaram meu choro
são horrores as tuas estampas
arrepiam meus pelos sua imagem atroz

são essas torturas rápidas
seus dedos costurando todos os fios
da veste que arrancará depois

são as suas trágicas lembranças
essas vontades inconstantes
que tecem a trama de nós dois